domingo, 30 de dezembro de 2012

Agradecimento à c|t


A equipa do Projecto Lobo na Raia gostaria de agradecer a elaboração do seu logotipo à c|t que de uma forma extremamente competente e generosa se disponibilizou para colaborar connosco.

terça-feira, 27 de novembro de 2012

Curral de Lobos




Este poster foi apresentado no passado fim-de-semana no Congresso Ibérico do Lobo em Lugo, Espanha. É descrita e caracterizada uma antiga armadilha para captura de lobos localizada a Sul do rio Douro, no concelho de Pinhel. Este tipo de estruturas seculares testemunham a relação passada do homem com a fauna bravia, neste caso o lobo. Este achado, único até à data a Sul do rio Douro em território português, abre uma janela para futuras descobertas relacionadas com o património etnozoológico da Beira raiana e reafirma o Vale do Côa como um território rico em história e natureza.
Gostaríamos de agradecer a todos os que nos ajudaram a realizar este trabalho.

sexta-feira, 2 de novembro de 2012

Agradecimento à Fundação Vox Populi


A equipa do Projecto Lobo na Raia gostaria de agradecer todo o apoio prestado pela Fundação Vox Populi durante o período 2011-2012 sem o qual não teria sido possível desenvolver as acções que até ao momento mostraram ser já de grande importância para o conhecimento da situação actual do lobo na Beira Raiana e sua futura recuperação. Aproveitamos para divulgar a Associação Rio Vivo , sediada em São Pedro do Rio Seco (Concelho de Almeida), que tem desenvolvido um excelente trabalho também na área do Ambiente e Sustentabilidade. O nosso muito obrigado.

sábado, 27 de outubro de 2012

A desinformação e o Mito das Largadas de Lobos III


http://sicnoticias.sapo.pt/pais/2012/10/27/aldeia-em-s.-pedro-do-sul-aterrorizada-com-ataques-de-lobos?fb_comment_id=fbc_516673268344388_6302740_516688008342914#f3344b066

Preferíamos não ter de voltar a este assunto, mas esta reportagem exibida no Jornal da Tarde da Sic não pode passar sem um esclarecimento. Não, não foram realizados "repovoamentos" de lobos na Serra de São Macário (Serra da Arada) há 6 anos atrás. (Quais as fontes de informação consultadas..?)
Haveria necessidade de atribuir mais um post a este assunto? (São Pedro do Sul está tão longe de Almeida, Figueira de Castelo Rodrigo, Sabugal..). Claro que sim. Não pode passar em claro. Imaginemos a quantidade de habitantes rurais que nos cafés da Beira Raiana ou no conforto de suas casas visionaram atentamente esta peça desinformativa que em nada contribui para o esclarecimento popular da situação real do lobo e da estratégia de conservação e coexistência adoptada. Estes 3:28 minutos de televisão terão infelizmente um efeito muito superior às horas de trabalho que nós e os nossos colegas pelo país fora já despenderam na tentativa de eliminar este mito. Um passo atrás.

segunda-feira, 17 de setembro de 2012

Técnica utilizada no Projecto Lobo na Raia em Congresso Ibérico - SPREGA




A análise forense de ataques de canídeos a animais domésticos é uma técnica recente que tem sido utilizada desde o início no Projecto Lobo na Raia. Este método, que consiste na análise molecular de amostras biológicas (saliva, pêlo, etc.) recolhidas no local da ocorrência de ataques ao gado, permite aumentar a eficácia e fiabilidade na atribuição de prejuízos ao lobo. Em regiões como a Beira Raiana, em que o lobo existe em densidades muito baixas, este método torna-se muito útil, podendo mesmo ser o principal meio de confirmação de presença da espécie. Os dados utilizados nesta comunicação escrita, apresentada no fim-de-semana passado durante o VIII Congresso Ibérico de Recursos Genéticos Animais, não existiriam sem a colaboração do ICNF, mais precisamente dos vigilantes e técnicos da Reserva Natural da Serra da Malcata e Parque Natural do Douro Internacional, a quem gostaríamos de agradecer todo o apoio prestado.

segunda-feira, 6 de agosto de 2012

Agradecimento à UK Wolf Conservation Trust


A equipa do Projecto Lobo na Raia e as entidades intervenientes gostariam de agradecer o apoio prestado por esta organização que percebeu o interesse e a necessidade do trabalho que desenvolvemos. O nosso muito obrigado.
Nesta edição da Wolf Print (pag. 7) encontra-se um pequeno artigo de divulgação acerca do enquadramento do nosso projecto e sua importância. http://ukwct.org.uk/wp/issue46.pdf

The Lobo na Raia Project team would like to sincerely thank the UKWCT for all the support.



quinta-feira, 26 de julho de 2012

De volta às noites de Almeida

    Fotografia - http://cervas-aldeia.blogspot.pt/

Foi com muito agrado que participámos na devolução à Natureza de Almeida de 2 mochos-galegos (Athene noctua) - na imagem - e um bufo-real (Bubo bubo) recolhidos por locais e recuperados pelo CERVAS . 
Estas iniciativas são eventos importantes para a conservação das espécies e sensibilização das populações residentes, contribuindo para a sua reaproximação pacífica ao meio que as rodeia.
O nosso agradecimento aos locais que resgataram estes animais e ao CERVAS pelo trabalho desenvolvido com grande dedicação e profissionalismo.

sábado, 21 de julho de 2012

Obstáculos à recolonização lupina II


No seguimento de um post anterior é agora novamente oportuno abordar esta temática. Tivemos conhecimento desta notícia http://www.laopiniondezamora.es/comarcas/2012/07/14/abaten-lobo-cubo-reducir-ataques-ganado/613443.html  que se refere a um abate legal de um lobo a Sul do Rio Douro realizado pelo Serviço Territorial do Meio Ambiente por motivos de "controle" na fronteira das províncias de Zamora e Salamanca. Esta ocorrência motiva-nos a uma reflexão profunda e levanta  questões (mais que muitas):

1 - Não obstante a fragmentação de habitat, limitações de habitat, mortalidade acidental com origem antropogénica (atropelamentos), mortalidade ilegal com origem antropogénica (furtivismo), qual será o sentido, num contexto de estratégia conservacionista de recuperação da conectividade populacional e fluxo genético, de se optar por este tipo de acções?  

2 - Que sentido terão estas acções num contexto ibérico de conservação do lobo?

3- Seria o indivíduo abatido um animal dito "problemático"? Com que grau de certeza? Com que dados?Duvidamos.

4 - Não será esta acção um mero exercício de relações públicas e cedência a lobbies?

5 - Não estará a Administração a contribuir para um aumento do conflito quando transmite o exemplo errado de que os prejuízos causados pelo lobo no sector pecuário só poderão ser resolvidos através de métodos letais?

Apelamos à reflexão sobre estas questões por parte de quem decide, estas acções não se coadunam com uma estratégia ibérica coerente de conservação do lobo a Sul do Rio Douro.

quarta-feira, 4 de julho de 2012

A Ribeira das Cabras


Sendo uma linha de água muito menos mediática do que os rios Côa ou Águeda, a Ribeira das Cabras constitui um reservatório de biodiversidade incontornável por terras da beira raiana. De declives suaves, as suas margens albergam uma imponente mancha contínua de azinhal que constitui uma importante zona de refúgio e alimentação para diversas espécies da fauna local. Sem dúvida um local a conhecer e conservar.

segunda-feira, 25 de junho de 2012

Lobos Alfa ?

                                        
                                                                 http://www.davemech.org/

Este post genérico é apenas um contributo para o esclarecimento do público geral relativamente à dinâmica social e hierárquica do lobo e aos conceitos modernos actualmente aceites no meio científico. Notamos que nos dias que correm utilizam-se com muita frequência termos como "fêmea alfa" e "macho dominante" para descrever o estatuto e posição hierárquica de certos animais pertencentes a uma alcateia de lobos. David Mech, um prestigiado investigador americano com larga experiência na matéria, clarifica neste vídeo o estado actual dos conhecimentos e as designações correctas a utilizar. Num grupo de lobos em ambiente natural/selvagem o casal reprodutor, tal como nas famílias humanas, encontra-se naturalmente no topo da hierarquia familiar, dominando crias e sub-adultos. Por este motivo, tem actualmente mais sentido designar estes "animais alfa" como par reprodutor e respectivamente macho e fêmea reprodutora. A utilização do termo "alfa" fará sentido apenas em alcateias "artificiais" com integração de indivíduos "exteriores" à alcateia ou em grupos selvagens com múltiplas fêmeas reprodutoras. Vale a pena a sua visualização.

sábado, 23 de junho de 2012

Os obstáculos à recolonização lupina


                                        http://www.antidoto-portugal.org/portal/PT/53/default.aspx

Dado o Projecto Lobo na Raia estar em pleno desenvolvimento faz todo o sentido revisitar o caso de envenenamento de um lobo-ibérico em Idanha-a-Nova no ano de 2004 e explorar a informação por ele fornecida. 
Este triste acontecimento ocorrido em plena Beira Raiana localizou-se fora da área de distribuição da espécie à época e atingiu muito provavelmente um animal em tentativa de dispersão e estabelecimento de um novo território (infelizmente sem sucesso). A mortalidade de origem antropogénica (atropelamento, furtivismo, envenenamento) pode de facto impedir a ocorrência de processos eto-ecológicos que constituem a base de recuperação da espécie e deve ser minimizada com urgência. A precariedade da população lupina a sul do rio Douro exige que a conectividade entre os diferentes núcleos lupinos seja aumentada a curto-prazo, sendo para tal imprescindível a diminuição da mortalidade de animais dispersantes. 
O facto de este indivíduo ter sido encontrado a uma distância já assinalável das alcateias confirmadas mais próximas leva-nos também a questionar a adequabilidade de habitat nas zonas marginais de distribuição e as causas da sua não fixação nesses locais. Responder a estas questões é um dos objectivos do projecto que desenvolvemos. O seu objectivo principal é contribuir para a recuperação do lobo na região e este último só será atingível se for apoiado por uma forte componente de divulgação e sensibilização.

Não utilize o veneno. O uso de produtos tóxicos é uma ameaça à biodiversidade e pode causar graves desequilíbrios ecológicos. Se conhece casos de envenenamento ou utilização ilegal de venenos denuncie.  http://www.antidoto-portugal.org 

terça-feira, 19 de junho de 2012

Quando os lobos uivam


Aquilino Ribeiro, insigne escritor beirão, descreveu com mestria e humor o carácter e as relações das gentes serranas que o viram nascer. Os seus riquíssimos romances transportam-nos pelo tempo e podemos imaginar como seria a vida de uma aldeia beirã na primeira metade do século passado. Além de ter retratado de forma exímia o seu quotidiano, Aquilino debruçou-se sobre a relação que a população estabelecia com a fauna e com o meio natural de uma forma verdadeiramente naturalista, nunca tendo atribuído poderes sobrenaturais aos animais. Não obstante, o seu fascínio pela Natureza agreste da sua terra natal está patente em diversos livros, tendo os lobos um especial destaque no universo da sua obra. Pela região nos ser tão cara e por termos vivido a mesma experiência nas serranias de Aquilino Ribeiro, foi com muitíssima alegria que encontrámos este post e que apesar de não ser actual resolvemos partilhar convosco. Oxalá esta atitude se multiplique e mais beirões possam sentir orgulho de partilharem as suas terras com o último grande predador ibérico.

quinta-feira, 7 de junho de 2012

A importância ecológica das charcas artificiais

Vara de javalis (Sus scrofa)

Raposa (Vulpes vulpes)

Coelho-bravo (Oryctolagus cuniculus)

Cegonha-preta (Ciconia nigra)

Listado (Javali) (Sus scrofa)

Nos habitats em que a água escasseia nos meses mais quentes, a existência de charcas artificiais (neste caso destinadas a bovinos) providenciam autênticos oásis de vida nas terras secas da Beira raiana.
Estas imagens foram obtidas com recurso à técnica de armadilhagem fotográfica numa zona historicamente associada ao lobo. Infelizmente, apesar da aparente qualidade de habitat e registo recente de inquéritos credíveis, a espécie-alvo não foi ainda detectada.
No entanto, as fotografias captadas através desta metodologia atestam a potencialidade do local enquanto reservatório de biodiversidade, incluindo algumas espécies-presa do lobo.
Importa referir que as grandes quintas de produção pecuária extensiva desempenham um importante papel no ecossistema raiano. Estas explorações albergam um grande número de espécies, algumas das quais com estatuto de protecção elevado, como demonstra este feliz registo de Cegonha-preta (Ciconia nigra).

segunda-feira, 4 de junho de 2012

Rapinas da Raia


Britango ou Abutre-do-Egipto (Neophron percnopterus)

Adulto e cria de Grifo (Gyps fulvus)


O trabalho de campo desenvolvido na monitorização do lobo por terras raianas dá-nos o privilégio diário de partilhar o espaço natural com uma grande diversidade de aves em locais de uma beleza ímpar. Como a nossa rotina envolve a prospecção de indícios de presença no solo, o que se passa nos céus nem sempre tem a atenção merecida. Por constatarmos esta lacuna, foi com grande interesse e satisfação que frequentámos neste último fim-de-semana o Curso de Introdução ao Estudo das Aves de Rapina excelentemente organizado pelo ICNB/PNDI e Câmara Municipal de Figueira de Castelo Rodrigo. Agradecemos a qualidade da formação e o agradável convívio que encontrámos entre os participantes. 

quinta-feira, 31 de maio de 2012

Documentário "Expedição Lobo"

                                                   
                                                       http://www.rtp.pt/programa/tv/p28954
http://www.bbc.co.uk/pressoffice/pressreleases/stories/2011/07_july/08/intimate_natural_history.shtml#panel7

Tivemos a oportunidade de assistir anteontem a este documentário "up to date" exibido pela RTP que relata vários aspectos interessantes relacionados com o processo de recolonização lupina numa região dos EUA. Além de incluir cenários de grande beleza, este filme revela aspectos fascinantes da bio/ecologia da espécie e da problemática da sua coexistência com as populações rurais. A segunda parte deste documentário será exibida na RTP1 dia 5 de Junho às 22h30. Fica a dica.

terça-feira, 29 de maio de 2012

A importância ecológica do lobo e de outros predadores


Sugerimos a consulta deste artigo aconselhado por um amigo da Zoo Logical cujos dados apresentados muito esclarecem acerca do efeito regulador do lobo e outros carnívoros nos ecossistemas do Hemisfério Norte. Entre outras noções importantes, destacamos o facto de os efeitos da actividade cinegética sobre os herbívoros não serem funcionalmente equivalentes à predação exercida pelos grandes carnívoros e o papel desempenhado por estas espécies num cenário actual de rápidas alterações climáticas. 
Vale bem a pena a leitura.

sábado, 19 de maio de 2012

Uma espécie, dois continentes, duas perspectivas

Fonte da figura:  Mech, D., Boitani, L. Wolves: Behavior, Ecology and Conservation

A relação que o Homem estabelece(u) com o Mundo Natural tem sido objecto de estudo da Etnobiologia, ciência em que estão integradas disciplinas como a arqueologia, biologia, antropologia, semântica, etc. 
Num livro essencial sobre esta ciência -  Ethnobiology - encontrámos uma teoria muito interessante sobre a visão que os povos europeus e nativos americanos têm face aos grandes predadores.
Apesar de consumirem grandes quantidades de proteína animal, os povos europeus seguidores da tradição filosófica ocidental tendem a ver-se a si próprios como presas e como consequência têm um medo exagerado dos grandes predadores. Por outro lado, os seguidores das tradições filosóficas indígenas têm a perspectiva oposta, i.e., consideram-se a si próprios como predadores e por este motivo admiram e respeitam animais como o lobo, com quem partilham o mesmo papel ecológico. 
Esta diferença de perspectiva deu origem a manifestações culturais antagónicas: se na Península Ibérica encontramos fojos e lendas em que o lobo é invariavelmente o vilão, nas culturas dos Nativos Americanos encontramos histórias que reconhecem os lobos como mestres, guias de caça e de atitude perante a vida. 

As encostas primaveris do Rio Côa




Vale a pena descobrir o rico património natural e cultural das encostas do Côa que agora, em pleno esplendor primaveril, mostram recantos e contornos de grande beleza e interesse. Ontem, bem acompanhados por amigos de São Pedro do Rio Seco, tivemos o prazer de percorrer estas agrestes encostas onde em tempos passados lobos e pastores vigiavam os grandes rebanhos que por ali abundavam.

sábado, 12 de maio de 2012

Humor Jornalístico dos anos 20


Este divertido excerto  foi retirado do jornal Notícias de Pinhel de 5 de Março de 1923 e ilustra a opinião acerca do lobo típica destes tempos. Ainda que na actualidade esta espécie não seja vista com bons olhos pela maioria dos populares, verificou-se uma evolução notória na abordagem da imprensa a este animal (que recolhe progressivamente mais simpatizantes e apoiantes). As "feras" e os "feroses carnívoros" são expressões que felizmente caíram em desuso, tendo sido substituídas por "predadores de topo", "espécie ameaçada" entre outras. Estas últimas, sem exageros ou fantasias, baseiam-se em conceitos científicos de Ecologia e Conservação da Natureza que forçosamente retratam este animal de uma forma mais isenta e assertiva.

domingo, 6 de maio de 2012

A Lua e o uivo do Lobo




Esta noite fomos presenteados por uma lua cheia especialmente forte que certamente iluminou o caminho de muitos lobos no nosso país. A associação da lua cheia ao uivo do lobo faz parte do imaginário popular, um símbolo de mistério que poderá ter uma explicação bem prática e nada mística. As antigas ligações a pé entre aldeias, realizadas durante a noite por serras e florestas, seriam ocasiões propícias à criação deste mito. Estas caminhadas seriam feitas preferencialmente em noites de luar forte por motivos de segurança e orientação, fazendo com que mais gente estivesse na serra e aumentasse a probabilidade de se encontrar um lobo por perto. Por este motivo o uivo, um método de comunicação intraespecífico muito frequente e distintivo, ficaria definitivamente associado a esta fase da lua, embora possa acontecer nas suas diversas fases e em diferentes períodos circadianos
Esta é apenas uma hipótese de explicação, se conhece ou sugere outra partilhe-a connosco.

Mito ou não,  um lobo a uivar ao luar é uma imagem que ainda nos fascina e permanece como um símbolo da natureza desconhecida. Esperemos que se tenha feito escutar algures por terras raianas.

sábado, 5 de maio de 2012

Malcata: lince no rasto de um lobo



O desaparecimento do Lince-ibérico (Lynx pardinus) dos matagais da Reserva Natural da Serra da Malcata (RNSM) provocou uma "depressão" ecoturística e mediática do (ainda muito rico e assinalável) património natural desta Área Protegida. Este fenómeno desfavoreceu largamente os concelhos raianos de Penamacor e Sabugal,  região onde a espécie sempre foi a alma e o símbolo das suas suaves serranias. Infelizmente, por motivos variados, o regresso deste felino pode ainda tardar uns anos largos, mais do que as gentes e a reserva mereciam. 
Consideramos que o regresso e estabilidade de um núcleo lupino na RNSM e respectiva área de influência é actualmente possível e desejável considerando as vertentes ecológicas e turísticas locais. O lobo, não tendo obviamente o mesmo valor emocional que o lince na região, é por si só uma espécie emblemática que sempre esteve presente na reserva e freguesias circundantes. É uma bandeira ambiental e turística que agora pode e deve regressar. Adicionalmente, a presença de um núcleo lupino estável poderá criar condições de habitat favoráveis ao regresso do lince, nomeadamente no que respeita à disponibilidade de coelho-bravo, classe-presa preferencial do super selectivo lince. O lobo, se presente, poderá controlar os efectivos de pequenos carnívoros consumidores de coelho (como a raposa) e "desbastar" as altas densidades de javali, espécie que pela sua ecologia e comportamento pode ter impacto negativo na reprodução desta espécie-presa.
Actualmente existem condições ecológicas suficientes para "acolher" o lobo na RNSM: o corço está presente na região Centro/Norte da Reserva e zonas limítrofes, a presença de veado (apesar de extremamente irregular) já foi detectada na faixa Centro/Sul e o javali abunda em toda a área protegida.
Todos estes factores fazem-nos pensar que o regresso do lobo à Malcata seria positivo para a população lupina a sul do Rio Douro, para o lince, para a reserva e, em última análise, para toda uma região. 
Salvemos o lobo, o lince e a Serra da Malcata.

segunda-feira, 30 de abril de 2012

A problemática das armadilhas ilegais

Jovem lobo macho recolhido pelo Núcleo de Protecção Ambiental da GNR, concelho de Montalegre. 

Neste caso muito recente (22 de Abril) o desfecho foi positivo e este animal foi recolhido para posterior recuperação. Infelizmente em muito maior número serão os casos em que os caçadores furtivos capturam com sucesso javalis e outras espécies de forma ilegal, infligindo horas de absoluta agonia aos animais. Os laços são armadilhas ilegais não selectivas, maioritariamente direccionadas a javalis, mas que podem capturar lobos, corços e outras espécie de fauna silvestre, constituindo um importante factor de mortalidade de fauna. São arames ou cabos de aço montados estrategicamente em locais de passagem de animais, que ao passarem ficam presos nos mesmos. Na luta para escapar, activam o nó de correr, acabando por aumentar a pressão exercida  pelo arame e impedindo progressivamente a sua libertação.

Na execução do projecto já localizámos 2 armadilhas deste tipo montadas e uma já desactivada. Em zonas como a Beira Raiana, onde se registam altas densidades de javali, é expectável a ocorrência de elevadas quantidades de armadilhas do género que podem constituir uma fortíssima barreira à recuperação de um núcleo lupino já por si muito precário.

Se encontrar um "laço" montado ou desactivado ou um animal silvestre capturado desta forma denuncie e contacte - SOS Ambiente e Território - TEL: 808200520.

A dispersão e o mito das largadas de lobos II




Como já foi referido num post anterior, o mito das largadas de lobos realizadas por "ambientalistas" encontra-se profundamente enraizado no actual meio rural português, sobretudo nas regiões com presença estável de lobo e nas áreas em início de processo de recolonização da espécie. Neste último caso, os populares não conseguem explicar o retorno repentino de lobos a uma zona onde "já não se viam há mais de 50 anos!". Consideramos que esta desinformação deve ser combatida a todo o custo e como tal plenamente merecedora de um segundo post. 
O mapa apresentado (http://www.volkovi.si/revela um exemplo extremo de dispersão de um jovem lobo macho esloveno equipado com colar GPS que, tendo percorrido mais de 800Km, partiu do seu país de origem, cruzou a Áustria e chegou a Itália, onde se encontra actualmente (os últimos dados apontam para a sua possível fixação e associação a uma fêmea). Este tipo de deslocações de grande amplitude podem explicar o regresso inesperado de lobos a uma região onde já não eram vistos há muito, confundindo os populares e motivando explicações variadas assentes no desconhecimento da biologia e ecologia da espécie.
Como o Slavc, lobos dispersantes portugueses ou espanhóis que abandonem a sua alcateia natal em busca de novos territórios para se estabelecer e reproduzir, podem ser a chave para a recuperação da Beira Raiana enquanto região lobeira. Para que estes fenómenos ocorram, é fundamental a existência de corredores ecológicos de qualidade que potenciem a conectividade desta região com núcleos lupinos mais estáveis.

Cães, Pastores e Lobos



Tivemos o prazer de assistir no Sabugal à exposição cujo cartaz anexámos a este post e gostaríamos de partilhar algumas notas sobre o cão de gado, a pastorícia e como esta cultura foi moldada pela presença de grandes predadores como o lobo.
No nosso país é possível encontrar um vasto património, material e imaterial, relacionado com o lobo - fojos, lendas, folclore, entre outros - no entanto, para além destes testemunhos históricos, existe um legado vivo, fruto da relação ancestral do predador com o Homem: o cão de gado.
Portugal, sendo um país de dimensões reduzidas, possui um número invejável de cães de gado: 4 raças  reconhecidas pelo Clube Português de Canicultura - Cão da Serra da Estrela, Cão de Castro Laboreiro, Cão de Gado Transmontano e Rafeiro do Alentejo - todas seleccionadas pela sua aptidão na defesa dos rebanhos. A presença do lobo contribuiu decisivamente para o aparecimento destas raças e moldou o dia-a-dia dos pastores, enriquecendo de forma única a cultura ligada à pastorícia. O imaginário que todos nós partilhamos, e alguns ainda têm o privilégio de assistir, o pastor a guardar o seu rebanho com cães imponentes, ostentando grandes coleiras de puas, só é possível dentro de uma paisagem cultural partilhada com o lobo. Conservar o lobo é também preservar a cultura ancestral da pastorícia.
Para mais informações acerca dos cães de gado e do projecto desenvolvido pelo Grupo Lobo na doação de cães a pastores consulte este link.

terça-feira, 27 de março de 2012

Proposta Espanhola de caça a Sul do Douro chumbada


Numa tentativa de legalizar a caça ao lobo a Sul do Douro sem dados científicos que corroborem a sua posição, Arias Cañete (Ministro do Meio Ambiente de Espanha) viu a sua proposta de retirar a protecção ao Lobo a Sul do Douro ser chumbada pelo Comissário Europeu para o Ambiente, Janez Potocnik. Congratulamo-nos com a tomada de posição do Comissário e julgamos que esta irá contribuir para a conservação do lobo a Sul do Douro.

sábado, 24 de março de 2012

Boas notícias



Um lobo! Apesar da sua reduzida qualidade, esta imagem captada na região Oeste do Concelho de Almeida reforça a esperança na recuperação desta espécie tão emblemática da Beira Raiana.

Os "Bosques" de Giesta



As densas formações arbustivas de giesta constituem zonas de refúgio preferencial para diversas espécies esquivas, como o javali, a raposa e o lobo. Neste caso, um conhecido e pouco esquivo exemplar de C. familiaris  parece pequeno perante um assinalável e imponente giestal raiano.

sexta-feira, 16 de março de 2012

Mortalidade de Fauna nas estradas


Esta foto mostra um dos inúmeros casos de atropelamento de fauna que diariamente ocorrem nas estradas portuguesas.
Neste caso uma raposa (Vulpes vulpes) sofreu um embate na nacional que liga Vilar Formoso ao Sabugal, uma estrada em que se podem atingir velocidades demasiado elevadas tendo em conta a inexistência de redes e barreiras de fauna. Em pontos negros de mortalidade poderia ser útil a aplicação de medidas de diminuição de velocidade como semáforos e lombas.

terça-feira, 13 de março de 2012

O Lobo e as Aves Necrófagas


Devido à actual escassez de presas selvagens e à ocupação generalizada da paisagem raiana por animais domésticos, o lobo é obrigado a alimentar-se do gado existente, tantas vezes disponível.
Nestas ocasiões, diversas espécies de hábitos necrófagos beneficiam das carcaças deixadas no local dos ataques, aproveitando a sua biomassa e actuando como verdadeiros "agentes de limpeza" do meio. Os grifos (Gyps fulvus) patrulham o território em busca de oportunidades de alimentação, como a que vemos nesta foto recolhida hoje durante o acompanhamento a uma vistoria de um eventual ataque de lobo a ovinos.

História e Ruralidade às Portas de Almeida



quinta-feira, 1 de março de 2012

Projecto Lobo na Raia no curso "Pecuária Extensiva e Fauna Silvestre"




Durante o fim-de-semana estaremos na Universidade de Léon para realizar este curso organizado pela AVAFES que tanto se enquadra na actividade que desenvolvemos por terras raianas. Esperamos trocar contactos, partilhar experiências e recolher informação útil para o projecto.

quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

O fim da época das batidas e montarias



Com a chegada do final do mês de Fevereiro termina a época das batidas à raposa e montarias ao javali. O cessar destes actos venatórios extremamente invasivos e com elevada perturbação associada, pode significar para o lobo uma retoma de tranquilidade em zonas de refúgio por ele regularmente utilizadas. 
Este factor torna-se ainda mais relevante quando nos encontramos em pleno período de acasalamento da espécie (Fevereiro-Março).Os cães das matilhas perdidos ou fora de controle que permanecem no terreno  podem também constituir uma ameaça à conservação do lobo por competirem directamente com este e poderem causar prejuízos na pecuária que erradamente lhe são atribuídos.

domingo, 26 de fevereiro de 2012

A seca e a conservação do lobo




A falta de água nos campos e os consequentes custos associados à necessidade de alimentar artificialmente os animais em produção extensiva poderão também ser prejudiciais à conservação do lobo. Já se detecta em alguns proprietários uma diminuição de disponibilidade para lidar pacientemente com reais ou eventuais prejuízos na pecuária atribuíveis ao lobo. Este efeito cumulativo poderá afectar em última análise esta espécie que, como é sabido, depende em larga escala da tolerância Humana para subsistir. 
Esperemos que a chuva volte e depressa. Para os agricultores e para o lobo.

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

Projecto Lobo na Raia na Feira de Caça, Pesca e Desenvolvimento Rural de Almeida




Gostaríamos de agradecer à CM de Almeida a oportunidade de participação neste evento e felicitar a excelente organização. Continuaremos a trabalhar para a recuperação do lobo no Concelho e para a sua coexistência com o sector pecuário local. Obrigado a todos os participantes e em particular aos interessados no stand do projecto.

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

O Lobo e a Caça

                       
Estamos nos preparativos para a Feira de Caça e Pesca e Desenvolvimento Rural http://www.cm-almeida.pt/municipio/agendadomunicipio/Documents/cartaz_pesca_2012.pdf a realizar este fim-de-semana em Vilar Formoso. Esperamos poder divulgar o projecto e os seus objectivos junto da comunidade de caçadores e restante público.

domingo, 5 de fevereiro de 2012

O mito das largadas de lobos

                                          Não é igual aos de antigamente? (Raia, 2011)
                                       

Afirmações como "vocês é que os andam por aí a largar"ou "os do Ambiente andam a soltar lobos" ou ainda "estes lobos de agora não são dos verdadeiros, não são como os de antigamente" fazem parte da nossa rotina diária. Esta grave e disseminada desinformação, não ajuda nem os profissionais de Conservação da Natureza nem, em última análise, a recuperação do lobo. Aproveitamos então a oportunidade de divulgação deste blogue para informar que:

1 - Nem o Estado nem associações de conservação da Natureza realizam ou realizaram no passado acções de reintrodução de lobos (exemplares de lobo ibérico). Não se realizam nem NUNCA se realizaram largadas de lobos.

2 - Os lobos da actualidade são IDÊNTICOS aos lobos de antigamente. É normal que o lobo volte a habitar zonas onde deixou de existir nas últimas décadas, por agora se verificarem condições favoráveis à sua presença (maior disponibilidade de alimento e refúgio e menor mortalidade causada pelo Homem). Esta recolonização é natural e não é feita através da colocação de lobos nascidos ou criados em cativeiro. Os lobos selvagens, "corredores de fundo", podem percorrer grandes distâncias e ocupar novos territórios bastante distantes do seu local de nascimento. 

Esperamos ter contribuído para o esclarecimento desta situação. Oxalá este texto corra tão rapidamente pelas bocas do povo como a desinformação que diariamente nos bate à porta.

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

Para que servem lobos, ursos e outros que tais??


Durante o nosso trabalho e até no nosso círculo pessoal somos frequentemente questionados acerca da utilidade de animais selvagens que aparentemente pouco ou nada nos podem beneficiar. Por este motivo lembrámo-nos de divulgar este filme espanhol que, de uma forma altamente cómica e pedagógica, responde à pergunta: ¿Para qué sirve un oso?.  Tendo as Asturias como pano de fundo e o Urso-pardo como exemplo, são explicados diversos motivos pelos quais importa conservar os grandes carnívoros ameaçados, incluindo o lobo e o lince. Em posteriores posts iremos analisar e discutir em detalhe os benefícios da presença deste canídeo nos ecossistemas ibéricos.

domingo, 29 de janeiro de 2012

O regresso do corço


O corço, outrora uma espécie com distribuição restrita a algumas zonas montanhosas a Norte do Douro, pode hoje ser encontrado com um pouco de sorte no planalto raiano a Sul deste rio.
Neste vídeo observamos um macho em plena actividade matinal numa zona de carvalhal incluída na vasta mancha que se estende entre Vilar Formoso e Sabugal - Sítio Rede Natura 2000. As condições de habitat e a diversidade de ungulados selvagens podem ser relevantes para a recuperação do lobo na região, criando novas opções tróficas e possibilitando a diminuição do conflito com os criadores de gado.

segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

Uma Presença muito antiga



Desde tempos remotos o Homem utiliza a toponímia para designar locais e para se orientar no espaço que o rodeia. Os zoónimos são muito frequentes na cartografia Portuguesa, servindo como um autêntico testemunho histórico da presença de espécies. Os locais em que o Lobo ocorria foram cunhados pelas populações locais, recordando aos mais esquecidos que a Raia foi desde sempre uma terra lobeira.

quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

O Blog e o Projecto

O Projecto Lobo na Raia surgiu da necessidade de actualizar o conhecimento acerca do lobo nesta região e desenvolver esforços para a sua recuperação. Este carnívoro, outrora comum no planalto raiano, existe actualmente apenas em baixíssimas densidades, fruto de uma longa perseguição Humana. 
Consideramos que a provável recolonização natural do lobo, forte emblema do Património Natural local, deverá ser apoiada de forma sustentável e tendo em conta a dinâmica social envolvente. A recuperação desta espécie irá enriquecer ambiental e culturalmente o território, favorecendo-o ecologicamente e tornando-o ainda mais apelativo de um ponto de vista ecoturístico. A presença e estabilidade do núcleo lupino fronteiriço (Figueira de Castelo Rodrigo – Sabugal) é fundamental para a recuperação e conservação a médio-longo prazo da sub-população ibérica de lobo a Sul do Douro. Esta região poderá funcionar estrategicamente como uma ponte de conectividade entre os núcleos portugueses e espanhóis a sul deste rio.
Este blog pretende divulgar o património Natural e Cultural da Raia, o lobo e diversas acções levadas a cabo durante a execução do projecto.
O Projecto Lobo na Raia resulta de uma parceria Grupo Lobo/Zoo Logical, colabora directamente com o ICNB e é apoiado pela Fundação Vox Populi.